Tuesday, July 31, 2012

Beco Dranoff - "No Brasil, tudo se fundiu criando uma nova cultura, única e super original."


Oi, pessoal, tudo bem? 

No nosso bate-papo virtual de hoje, teremos o prazer de conversar com o diretor artístico e produtor musical radicado em New York, Béco Dranoff. Entre os vários artistas com quem ele já trabalhou estão grandes nomes da MPB, tais como: Bebel Gilberto, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Criolo e Margareth Menezes. Vale ressaltar que Béco é co-produtor de álbuns nomeados ao Grammy Latino, um exemplo disso é o maravilhoso ‘Tanto Tempo’ da cantora Bebel Gilberto. Em 1998, Béco co-fundou o selo Ziriguiboom Discos em parceira com a gravadora belga Crammed Discos e lançou internacionalmente artistas brasileiros como:  Zuco 103, Celso Fonseca, Bossacucanova, Trio Mocotó, Apollo Nove, DJ Dolores e Cibelle. Além disso, ele é o co-produtor dos projetos musicais beneficentes para a AIDS, Red Hot + Rio e Onda Sonora: Red Hot + Lisbon. 
E, claro, Béco também produz eventos de música ao vivo em locais como o Central Park Summerstage, MoMA, Portugal Expo’98 e muitos outros. Esse é apenas um pequeno resumo do imenso curriculum desse super produtor. Sabemos de sua ocupada agenda e estamos muito felizes que ele tenha aceitado o nosso convite para esse bate-papo. 

Luso: Béco, como bem sabemos, a música brasileira é muito admirada e respeitada no exterior e, em vários momentos, tem sido a grande responsável por promover uma imagem super positiva do Brasil. Após todo esse tempo vivendo aqui, viajando pela Europa e, principalmente, neste momento em que o país surge como sexta economia mundial, que mudanças você tem percebido na maneira como o Brasil é visto/percebido internacionalmente? O que mudou de 1988 para cá? 
Béco: O que mudou é o acesso à musica. Com o advento da internet, o público internacional hoje pode ‘descobrir’ muito mais sobre a nossa música do que nos anos 90. Todos os artistas têm seus sites e blogs, e o Youtube está cheio de vídeos incríveis. O público pode pesquisar e encontrar mais facilmente a nossa música. O Brasil passa por um momento de grande expansão cultural e nossa música ainda é o carro-chefe. 

Luso: E você acha que o fato de nós brasileiros sermos essencialmente tão “misturados” afeta positivamente a nossa produção cultural? Quer dizer, o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem uma história calcada, sobretudo, na miscigenação de todos os povos e etnias que por lá passaram; algumas pessoas, inclusive, afirmam que essa característica primordial é o que mais enriquece a nossa cultura e é o que a torna única no mundo.  O que você pensa sobre isso?
Béco: Eu concordo plenamente. A nossa cultura é baseada na mistura de todas as outras culturas tanto nativas como as trazidas da África, Europa e Ásia. No Brasil, tudo se fundiu criando uma nova cultura, única e super original. Todos os países do mundo têm suas culturas e tradições, todas são incríveis, mas sinto que a nossa é bem mais misturada em geral. Desde 1500 vivemos esse processo de ‘mash-up’ cultural.

Luso: Você também tem atuado como produtor de cinema, um exemplo disso é o documentário "Beyond Ipanema" que faz uma interessante análise da música brasileira desde os tempos da Carmen Miranda até o presente.Como foi trabalhar neste projeto e que outros projetos de cinema você tem?
Béco: O documentário ‘Beyond Ipanema: Brazilian Waves In Global Music’ é o meu primeiro contato com produção de filmes. O diretor e jornalista Guto Barra que também vive aqui em NY me convidou para esta empreitada e eu topei na hora. O resultado é um filme que traça uma linha entre a chegada da Carmen Miranda e seu enorme sucesso até os dias de hoje com artistas globais como Bebel, Seu Jorge, CSS - Cansei de Ser Sexy, e muitos outros. O filme foi apresentado em cerca de 50 festivais de cinema no mundo todo com ótima receptividade. No momento, estou trabalhando num projeto relativo ao doc para TV.

Luso: E sobre os outros projetos. O que tem a nos dizer sobre o Red Hot + Lisbon? 
Béco: O projeto ‘Onda Sonora: Red Hot + Lisbon’ é mais um da série beneficente Red Hot +. Este disco foi criado para ser lançado durante a Expo ’98 de Lisboa. É um projeto super bacana onde eu e o produtor Andrés Levin pudemos convidar artistas de toda a Lusofonia como: Bonga, Lura, António Chainho, Madredeus, Caetano, Djavan, Simentera, e vários mais. Tivemos até o prazer de gravar a cantora canadense kd Lang em Lisboa. Ela canta o clássico ‘Fado Hilário’ em português no projeto!

Luso: Sou brasileira, de Sampa como você, mas por trabalhar com colegas que vêm de distintos países lusófonos, tenho conhecido e aprendido muito sobre as diferenças e, principalmente, sobre as similaridades da nossa cultura lusófona. Béco, em sua opinião, o que de melhor e de mais importante, não apenas o Brasil, mas todo o mundo lusófono tem a oferecer ao mundo? 
Béco: Eu só conheço o Brasil e Portugal entre os países Lusófonos. Eu adoraria ir a Angola, Moçambique, Cabo Verde e a Goa. Eu sinto que somos uma espécie rara no mundo, no sentido de falarmos português, uma língua considerada misteriosa para a maioria. Como Latinos que somos, acho que temos aquele coração quente e o sorriso sempre aberto para a vida. Claro que isso é uma generalização, mas acho que somos um povo bem humorado e muito musical, em todos os países de língua portuguesa. Samba, Fado, Kuduro, Morna, esses são todos estilos musicais super originais, mas que são sempre muito bem recebidos pelo mundo todo.
Luso: Muito obrigada por sua participação, querido! Abraços. 

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