Monday, December 19, 2011

O talento, a coragem e a irreverência de Marcelo Mirisola.

Luso: Marcelo, a propósito, onde você está morando, com maior frequência? Pergunto-lhe isso, porque da última vez que conversamos, você me disse que estava de partida para Sampa.  Alguma diferença “gritante” que você tenha notado nas duas cidades e que gostaria de ressaltar? Você é mais feliz na “Paulicéia Desvairada” ou na “Cidade Maravilhosa”?
Marcelo: Maior parte dos meus amigos estão em São Paulo. A solidão em São Paulo é apenas geográfica. No Rio é solidão de alma, mais bonita.
Luso: Você é considerado um ativo agitador cultural e uma das grandes revelações do mundo das Letras.Lembro-me bem de tê-lo visto em debates acalorados sobre literatura, por isso pergunto-lhe: afinal de contas, quais são os novos rumos da Literatura no Brasil?
Marcelo: Agitador cultural? Eu? Ninguém dá bola pra mim aqui no Brasil. Sou excluído de todas as festas, prêmios e debates. Meus livros não são resenhados, meus pares fingem que eu não existo. O Brasil não me leva a sério. Como é que eu posso dizer quais são os rumos da literatura de um país do qual não faço parte?
Luso: Você se formou em Direito, mas decidiu tornar-se escritor. Por quê? Há ainda esperança para alguém que queira viver como escritor no Brasil? Qual é a importância de eventos culturais como a BIENAL e a FLIP no que se refere à divulgação de seu trabalho e do trabalho de novos autores?
Marcelo:  Foi uma escolha infeliz, jamais devia ter abandonado o direito. Aqui no Brasil os escritores vivem de troca de favores e gentilezas. Decididamente não dá para se falar em li-te-ra-tu-ra. O compadrio elimina a hipótese do pensamento autônomo, da liberdade, e literatura sem liberdade é apenas jogo de cena. A Flip é uma mentira. Coitados dos novos autores...
Luso: Aliás, adoro a sua coluna no Congresso em Foco e os livros “O Banquete” e o “Azul do Filho Morto” são os meus favoritos. Algum novo projeto à vista?
Marcelo: Férias, preciso de umas férias. Depois de 12 livros e uma vida jogada fora em função dessa bobagem chamada literatura, eu mereço pelo menos uns 10 anos de férias.
Luso: Super obrigada, Marcelo!


No comments:

Post a Comment